Pode parecer nojento, mas paleontólogos estão em festa com uma descoberta pra lá de peculiar: um vômito fossilizado de um tubarão ancestral que viveu na era dos dinossauros.
A relíquia pré-histórica, com impressionantes 66 milhões de anos, foi encontrada em Sugarloaf Key, no ensolarado arquipélago de Florida Keys.
O achado, descrito em detalhes na revista “Palaios”, é um coprólito – em termos mais simples, cocô fossilizado. Mas, neste caso específico, os cientistas acreditam que se trata de um regurgito, ou seja, vômito fossilizado.
A diferença crucial? A forma espiral do objeto, típica do sistema digestório de tubarões, sugere que ele foi expelido pela boca e não pelo ânus.
Dentro do vômito petrificado, os pesquisadores encontraram restos de ossos minúsculos e escamas de peixes. A surpresa maior veio com a identificação de fragmentos de uma tartaruga marinha pré-histórica, da ordem Thalassochelydia.
Essa tartaruga não era pequena, o que indica que o tubarão ancestral, apesar de seu tamanho modesto (cerca de um metro de comprimento), se aventurava em banquetes indigestos para predadores de seu porte.
“O material fossilizado representa um regurgito. Ele foi expelido pela boca do tubarão”, explica Terry Gates, paleontólogo da Universidade Estadual da Carolina do Norte, um dos autores do estudo.
Segundo Gates, a descoberta oferece uma janela rara para a dieta de tubarões pré-históricos e o ecossistema marinho da época dos dinossauros, pouco antes do fatídico evento de extinção em massa que varreu os gigantes da face da Terra.
“Coprólitos de tubarão são relativamente comuns no registro fóssil, mas é muito raro encontrar um regurgito fóssil”, destaca Gates.
O vômito fossilizado foi encontrado em uma formação geológica datada do final do período Cretáceo, justamente a época da extinção dos dinossauros.
A região de Florida Keys, onde o fóssil foi desenterrado, é um verdadeiro tesouro para paleontólogos. A área já revelou outros fósseis importantes, incluindo restos de crocodilos marinhos e outros vertebrados da era pré-histórica.
Para os cientistas, o vômito de tubarão de 66 milhões de anos não é apenas uma curiosidade escatológica. Ele representa uma peça valiosa do quebra-cabeça da vida marinha ancestral e ajuda a entender melhor como os ecossistemas se transformaram ao longo de milhões de anos.
E, quem sabe, talvez inspire algum roteirista de Hollywood a criar um filme de terror com tubarões pré-históricos famintos e com péssimos hábitos alimentares.
Fonte: NPR
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