Imagine encontrar um papiro desconhecido, não feito do tradicional papiro, mas de algodão! Foi exatamente isso que aconteceu com pesquisadores na Biblioteca John Rylands, em Manchester.
Eles se depararam com um fragmento de papiro egípcio que, à primeira vista, parecia comum. No entanto, uma análise mais detalhada revelou algo extraordinário: este papiro era feito de algodão.
A descoberta, publicada no The Journal of Egyptian Archaeology, desafia o conhecimento convencional sobre os materiais usados pelos antigos egípcios para escrever.
Os papiros de algodão são incrivelmente raros. Na verdade, este pode ser apenas o segundo exemplo conhecido no mundo. O primeiro, e até então único, foi encontrado no Brooklyn e data do século V ou VI d.C.
O fragmento de Manchester é ainda mais antigo, do século IV d.C., tornando-o o exemplo mais antigo de papiro de algodão já descoberto.
“É uma descoberta genuinamente notável”, disse a Dra. Roberta Mazza, egiptóloga da Universidade de Manchester e principal autora do estudo.
A Dra. Mazza explicou que, embora o algodão fosse cultivado no Egito na época romana, seu uso para a produção de papiro era praticamente desconhecido.
Os antigos egípcios usavam principalmente o papiro feito da planta *Cyperus papyrus*. O uso de outros materiais, como couro e pergaminho, era menos comum.
Encontrar um papiro de algodão, portanto, é como achar uma agulha em um palheiro arqueológico.

O fragmento de Manchester é pequeno, medindo apenas cerca de 10 centímetros por 7 centímetros. Sua escrita, em grego, é difícil de decifrar, mas parece ser de natureza administrativa, possivelmente relacionada a contas ou listas de nomes.
A verdadeira importância da descoberta reside no material em si. O algodão é mais macio e flexível que o papiro tradicional, o que levanta questões sobre por que ele não foi mais amplamente utilizado.
Uma teoria é que o algodão era mais caro ou difícil de processar em comparação com o papiro. Outra possibilidade é que as propriedades do algodão não fossem ideais para todos os tipos de escrita ou armazenamento.
A descoberta do papiro de algodão em Manchester abre novas avenidas para a pesquisa sobre as práticas de escrita e os materiais utilizados no Egito antigo.
Os pesquisadores agora esperam analisar o fragmento mais a fundo para tentar entender melhor as técnicas de produção do papiro de algodão e as razões por trás de sua raridade.
Este pequeno pedaço de algodão, esquecido em uma biblioteca por décadas, pode reescrever parte da história da escrita e da cultura do antigo Egito. É uma prova de que, mesmo em coleções bem estudadas, ainda existem segredos esperando para serem revelados.
A história deste papiro incomum nos lembra que a arqueologia e a pesquisa histórica são campos em constante evolução, onde novas descobertas podem surgir a qualquer momento, desafiando nossas suposições e expandindo nosso conhecimento do passado. E quem sabe quais outras surpresas as coleções antigas ainda podem nos reservar?
Fonte: All That’s Interesting
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